Água, recurso finito
O Brasil possui cerca de 12% da água doce superficial do mundo e conta com a maior rede hidrográfica do globo, com 55.457km2. Também recebe chuvas abundantes durante todo o ano em mais de 90% do seu território. Somos abençoados por Deus, mas não estamos gerindo com sabedoria a dádiva que nos foi concedida.
Parte de toda a água do país perdeu a característica de recurso natural em razão de processos de urbanização, industrialização e produção agrícola.
Nossa maior demanda por água vem da agricultura, sobretudo da irrigação, com cerca de 56% do total. O uso doméstico responde por 27% do consumo, seguido da indústria (12%) e da pecuária (5%).
Tanto na cidade como no campo, nem sempre os recursos hídricos são explorados de forma correta. A vegetação protetora das bacias (Áreas de Preservação Permanente) – que as mantêm limpas, melhora os processos de infiltração e armazenamento e diminui o escoamento superficial, evitando enchentes - vem sendo destruída em função da agricultura e da pecuária malconduzidas e de construções insustentavelmente projetadas. Ademais, os agrotóxicos e dejetos produzidos por tais práticas frequentemente acabam por poluir a água.
No Brasil, as perdas na rede de distribuição atingem entre 40% e 60%. Além disso, cerca de 80% dos esgotos domésticos são eliminados sem tratamento. Uma atitude importante para minimizar o problema é entregar o óleo de fritura usado nos postos de coleta, já que um litro do produto contamina um milhão de litros de água.
Estima-se que, nos últimos 60 anos, o número de habitantes do planeta duplicou, enquanto que o consumo de água multiplicou por sete. Nas cidades, o recurso é usado com um índice de desperdício de 50% a 70%. Não obstante, mais de 90% das atividades poderiam ser realizadas aproveitando a água da chuva, que é infinita, e reutilizando a água captada, tratada ou não.
Na Capital, temos a Lei 10.506/2008, que institui o Programa de Conservação, Uso Racional e Reaproveitamento das Águas. A medida estabelece a captação, o armazenamento e a utilização da água da chuva e das já usadas, bem como a instalação de equipamentos para combater o desperdício e de hidrômetros individuais. Todavia, a resistência para implantar a nova legislação ainda é muito forte, embora muitos já a adotem. Porém, diante do atual cenário, você não acha inadmissível dar a descarga do banheiro e lavar a calçada com água potável?
Artigo de autoria do Vereador Beto Moesh publicado no dia 22 de março de 2010, no jornal Correio do Povo.
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